1- Introdução
Seja para realizar um desejo no médio prazo, garantir um futuro estável ou simplesmente diversificar as fontes de renda, pesquisar e descobrir como funcionam os diferentes tipos de investimento é sempre uma medida inteligente. Dos mais conservadores aos de mais alto risco, certamente haverá uma modalidade que se encaixa no seu perfil, fazendo com que seu dinheiro produza bons resultados.
Hoje, vamos falar sobre uma aplicação segura e rentável, que tem atraído a preferência de muitos brasileiros: a renda fixa. Buscados normalmente por quem tem um perfil mais conservador, os investimentos em renda fixa geram ótimos rendimentos sem, no entanto, expor o investidor às oscilações do mercado financeiro. Isso porque, diferente das aplicações de renda variável, como a Bolsa de Valores, os investimentos em renda fixa são garantidos e têm ganhos previamente conhecidos.
Quer saber mais sobre o assunto? Acompanhe este e-book e conheça as principais modalidades de investimento em renda fixa disponíveis no mercado, entendendo as vantagens e as desvantagens de cada uma delas. Ao final da leitura, você terá aprendido tudo o que precisa saber para se tornar um investidor e obter ótimos benefícios dessa aplicação!
2- Como funciona o investimento em renda fixa?
A renda fixa se trata de um investimento feito diretamente nos Títulos de Renda Fixa, também chamados de papéis. Esses títulos podem ser públicos ou privados, a depender de quem os emitiu: o governo, os bancos ou as empresas.
Na prática, adquirir um desses títulos significa que você está emprestando dinheiro ao emissor (o governo, o banco ou a empresa). Em troca, ele irá remunerá-lo com juros e/ou correção monetária durante um certo período de tempo.
Dependendo do tipo de papel que você comprar, ainda poderá receber parcelas conhecidas como amortizações (pagamento periódico de juros, não vinculado ao vencimento do papel). Todas essas condições e os intervalos de pagamento são determinados já no momento da aplicação, que pode ter maior ou menor grau de oscilação.
Daí temos um dos maiores trunfos da renda fixa: o retorno é extremamente previsível. Com regras de remuneração preestabelecidas, o investidor sabe o que esperar, sem grandes sustos ou surpresas.
Isso não quer dizer que todo investimento em renda fixa seja igual, como a caderneta de poupança, por exemplo (que sempre rende a mesma coisa, independente da instituição financeira que o dinheiro for aplicado). Ele varia de acordo com o emissor, o prazo e o tipo de rendimento do título, como veremos a seguir.
3- Como é a relação risco-retorno?
A primeira coisa a se ponderar sobre onde investir o seu dinheiro é quão boa é a relação entre o risco e o retorno das aplicações disponíveis. É mais ou menos como fazemos quando analisamos a relação custo-benefício dos produtos e serviços que consumimos.
Em um mundo ideal, todos gostariam de fazer aplicações de baixo risco e alto retorno, que geram excelentes resultados sem deixar o investidor vulnerável a perdas repentinas. No entanto, no cenário real, retornos muito grandes são acompanhados por riscos também elevados.
Ao mesmo tempo, riscos menores têm rendimentos baixos. Por isso, o desafio é encontrar uma alternativa que, ao mesmo tempo, traga segurança e seja rentável, o que acontece com a renda fixa.
Como dissemos, esse tipo de investimento é marcado por uma grande previsibilidade de retorno, já que as condições de remuneração são previamente estabelecidas. Embora não haja investimento sem riscos, os da renda fixa são bastante reduzidos, por dois fatores. A maioria dos investimentos é assegurada pelo governo (títulos públicos), pelo Fundo Garantidor de Crédito (títulos emitidos por bancos) ou pelas empresas. Via de regra, o investidor sabe o que esperar ao final de um determinado período.
A exceção são possíveis oscilações na rentabilidade de aplicações atreladas a taxas de juros, que variam de acordo com a economia. São as chamadas aplicações pós-fixadas, que entenderemos melhor no próximo tópico.
Ainda assim, as mudanças são menos sensíveis que as flutuações dos investimentos em renda variável, como a Bolsa de Valores. Ao mesmo tempo, a rentabilidade da renda fixa é considerada vantajosa, motivo pelo qual vem atraindo investidores.
Em especial, os títulos de longo prazo costumam ter uma taxa de juros maior. Essa é uma forma de recompensar o investidor por não mexer no dinheiro por um tempo significativo, o que é vantajoso para o emissor. Assim, quanto mais tempo o dinheiro ficar investido, maior será o retorno!
4- E a correção do dinheiro aplicado?
Agora, vamos entender as diferentes opções disponíveis para a aplicação em renda fixa: a prefixada e a pós-fixada. Na primeira, a taxa de remuneração é determinada já no ato da aplicação. Assim, se o gerente do banco lhe oferecer um título com rendimentos de 15% em um ano, você saberá que, ao final deste período, receberá de volta o valor que investiu, acrescido de 15%.
Já na renda fixa pós-fixada, o sistema é um pouco diferente. O que é acordado previamente é a taxa de referência à qual os rendimentos ficarão vinculados e não o percentual em si.
A taxa de referência mais utilizada é o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), índice que costuma ficar muito próximo da Selic (a taxa básica de juros da economia brasileira, definida periodicamente pelo Comitê de Política Monetária ou Copom). Assim, no momento da aplicação, o percentual a ser pago não é conhecido — apenas o índice que regerá os rendimentos.
Os ganhos exatos serão conhecidos apenas no momento do resgate. Há, ainda, uma alternativa que mistura essas duas modalidades: a aplicação prefixada com correção pela inflação. Nesse caso, além dos rendimentos conhecidos previamente (como os 15% do exemplo que demos no primeiro parágrafo), o dinheiro do investidor é corrigido por um índice utilizado para medir a inflação, otimizando os ganhos.
5- Quais são os principais ativos de renda fixa?
Além das categorias que mencionamos anteriormente, os ativos de renda fixa também se dividem entre públicos (emitidos pelo governo) e privados (emitidos por bancos e empresas). A seguir, vamos conhecer as diferenças entre cada tipo de ativo, mostrando os principais representantes de cada um:
5.1- Títulos públicos
Os títulos públicos de renda fixa são oferecidos por meio do Tesouro Direto, uma das aplicações mais conhecidas do mercado. Tratam-se de títulos do Tesouro Nacional, que o governo federal disponibiliza para compra e venda, por pessoa física, em um sistema totalmente online.
Os papéis ficam acessíveis, tanto ao pequeno quanto ao grande investidor, sob as mesmas condições e em um processo bastante transparente. Assim, com aproximadamente R$ 30, já é possível adquirir títulos da dívida do governo brasileiro, sem precisar sair de casa.
Ao vender esses papéis, o governo está tomando dinheiro emprestado para financiar seus gastos. Em troca, ele se compromete a remunerar os investidores com juros enquanto durar o empréstimo.
Essa é uma das opções de investimento menos arriscadas da economia. Os títulos são 100% garantidos pelo governo, que pode até imprimir dinheiro para pagá-los, caso necessite.
Para se ter uma ideia, a segurança é maior até mesmo que a da caderneta de poupança (em que os depósitos são garantidos até o limite de R$ 250 mil)! O Tesouro Direto tem uma rentabilidade líquida mais alta que a poupança e os investimentos em CDB.
Além disso, a alíquota do Imposto de Renda sobre os ganhos é regressiva. Ou seja, quanto mais longa a aplicação, menor será a tributação, conforme veremos abaixo:
- 22,5% para aplicações com prazo de até 180 dias;
- 20% para aplicações com prazo de 181 até 360 dias;
- 17,5% para aplicações com prazo de 361 até 720 dias;
- 15% para aplicações com prazo acima de 720 dias.
Isso reforça o que já dissemos. Quanto maior o tempo de investimento, melhores serão os rendimentos.
Outro benefício é que o IR é retido na fonte, facilitando a vida contábil de quem aplica. Essa modalidade se tornou possível em 2002, quando o governo lançou o Sistema do Tesouro Direto.
Até então, era preciso recorrer a um banco, a um fundo ou a outra instituição financeira, que adquiria os ativos em grande volume nos leilões do governo e, em seguida, os oferecia às pessoas físicas. Com isso, o investidor tinha de arcar com taxas de administração, o que reduzia a rentabilidade da aplicação.
Porém, após a criação do programa, a venda dos papéis passou a ser feita diretamente às pessoas físicas, de maneira mais democrática. Para adquiri-los, basta possuir CPF, conta-corrente ou poupança no banco e acesso à Internet.
5.2- Títulos privados
Os títulos privados de renda fixa se dividem em duas categorias: os CDB, emitidos por bancos e as debêntures, geradas por empresas. O CDB, ou Certificado de Depósito Bancário, é um título que pode ser emitido por bancos comerciais, múltiplos, de desenvolvimento e de investimento.
Ele é disponibilizado a pessoas físicas e jurídicas e pode ser prefixado, pós-fixado ou ainda pagar juros mais um índice de inflação (geralmente, o IPCA). Essas condições são definidas no momento da negociação e variam conforme o volume de aplicação (quanto maior o valor investido, mais alto será a taxa de retorno).
Por serem emitidos por diferentes instituições, é possível comparar as condições de cada CDB para escolher a opção mais vantajosa. A modalidade mais comum de CDB é a pós-fixada, que geralmente está atrelada ao CDI — outro tipo de papel, vendido entre um banco e outro para captar recursos.
Como mencionamos, o CDI é uma taxa parecida com a Selic, o que, em geral, é bastante vantajoso. Porém, vale ficar atento para a variação de banco para banco, já que o percentual sobre o CDI a ser pago não é fixo. Mas muda de acordo com a negociação.
Ou seja, para uma mesma quantia aplicada, uma instituição pode pagar 80% do CDI, enquanto outra oferece 110%. Por isso, a dica é pesquisar e comparar condições antes de decidir em qual banco aplicar.
Assim como a poupança, os investimentos em CDB são protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito até o limite de R$ 250 mil. Deste modo, caso pretenda destinar um montante maior a esta modalidade, a dica é dividi-lo em diferentes instituições, respeitando o limite em cada uma delas. Assim, você garante que tudo o que aplicar estará coberto pelo seguro.
Outra variedade de título privado de renda fixa são as debêntures. Esses papéis podem ser emitidos por empresas de capital aberto que buscam levantar recursos no mercado de capitais.
Para isso, a emissão dos papéis deve ser aprovada pelos acionistas, não podendo ser deliberada apenas no âmbito da diretoria. Por terem como principal objetivo o suporte a iniciativas empresariais — como a construção de uma fábrica ou o desenvolvimento de um novo produto —, esses títulos são de médio a longo prazo e têm características bastante flexíveis.
A própria companhia define aspectos como o fluxo de amortizações e a forma como os títulos serão remunerados, levando em conta o momento do mercado, o fluxo de caixa da empresa e o projeto que os papéis financiarão. Isso faz com que a emissão de debêntures consiga atender a diversos perfis de empresas brasileiras, sendo um meio importantíssimo para o custeio de suas atividades.
O investimento em debêntures está disponível para qualquer pessoa e pode ser feito por meio de uma instituição financeira autorizada pelo Banco Central e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que intermedeia a operação. O valor mínimo para investimento é definido pelo emissor: dependendo da empresa, os papéis ofertados podem valer desde R$ 1 mil a R$ 50 mil, R$ 200 mil ou mais.
Essa aplicação é garantida de diversas maneiras, também definidas pela empresa: por meio de bens da companhia ou de privilégios no pagamento de ativos. A rentabilidade das debêntures pode ser fixa ou variável, atrelada a índices como o CDI ou o IPCA. Além disso, elas apresentam rendimentos maiores que outras aplicações em renda fixa, como o CDB, e têm mais liquidez.
6- Conclusão
Agora que você aprendeu o que é a renda fixa, como funciona a relação risco-retorno desse investimento, quais são as suas formas de remuneração e quais as principais alternativas à sua disposição, já está preparado para obter bons resultados a partir desta aplicação. Aproveite: certamente valerá a pena!